O Dilema da Informação.



Não foi a primeira – nem a última vez – que uma situação como essa acontecia.

A empresa me contratou para fazer um mapeamento de cenários futuros para os seus executivos. Objetivo era ajudá-los a entender quais eram as tendências no mundo da ciência, da tecnologia e em outras áreas do conhecimento humano que têm o potencial de transformar o mundo em que vivemos – e reinventar os nossos negócios no processo.

A sua ambição era de tornar sua organização à prova de futuro – ou “future proof”, como gostam de dizer na gringa – e prepará-la para agir de forma proativa e não reativa na construção da sua jornada em direção ao amanhã.

Depois de muita pesquisa e alinhamento com a equipe responsável pelo projeto, chega o dia da apresentação – a minha parte favorita do processo porque é a hora em que você consegue sentir o pulso das pessoas envolvidas se acelerando e os seus olhos se abrindo. É a hora que a informação se transforma em questionamentos e reflexões.

A sessão de perguntas e respostas confirmou a sensação de que corações e mentes haviam sido afetados, de que insights estavam a caminho de se tornar ações concretas. A transformação estava a caminho!

Só que não foi o que aconteceu.

Eles saíram animados, inspirados, energizados. Mas, aos poucos, o dia a dia os arrastou de volta para os problemas familiares. Os e-mails, as planilhas de excel, as reuniões que eram seguidas por outras reuniões, as demandas urgentes voltaram a ocupar todos os espaços disponíveis nas suas agendas e nas suas consciências. OKRs e KPIs triunfaram.

Na luta quase sempre desigual entre o futuro e o presente, o presente venceu. De 7 a 1.

E toda aquela informação acabou se transformando apenas em entretenimento.

O nosso maior desafio é sair deste círculo vicioso.


Comentários

  1. décadas atrás ouvi que quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. desta frase que me veio muitas vezes a cabeça muitas reflexões. eu que tive só 1 emprego enquanto estava na faculdade depois autonoma (?), nunca tive a meta de ganhar dinheiro e sempre tive tempo para conversar, ouvir e trocar idéias blá blá blá. porque seria um longo papo. bom começar a te ler . boa semana

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